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Inflação oficial acelera para 0,44% puxada por alta na energia elétrica residencial e na alimentação

Foto: Helena Pontes/Agência IBGE Notícias

Os analistas do mercado financeiro, que desde a última segunda-feira (7) faziam as contas pra saber qual seria a inflação oficial do mês de setembro, quase cravaram o resultado em suas projeções. A maioria dos agentes do mercado apostavam em uma inflação de 0,45% no mês passado, e o índice oficial, divulgado na quarta (9) pelo IBGE, foi de 0,44%. O resultado está no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentado pelo IBGE, e que revelou uma aceleração da inflação no país influenciada principalmente pelas altas no grupo Habitação, com os preços da energia elétrica residencial, e alimentação No mês passado o IPCA havia surpreendido os analistas do mercado ao registrar ligeira deflação, de 0,02%.  Com os 0,44% de setembro, o indicador ficou 0,46 ponto percentual acima da taxa de agosto (-0,02%). No ano, o IPCA acumula alta de 3,31% e, nos últimos 12 meses, de 4,42%, acima dos 4,24% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em setembro de 2023, a variação havia sido de 0,26%. Já aguardando um aumento expressivo na inflação, na última segunda (7) os analistas do mercado financeiro consultados pelo Banco Central por meio do Boletim Focus elevaram as suas projeções para a inflação ao final do ano. Os agentes do mercado aumentaram de 4,37% para 4,38% as suas estimativa para o IPCA de 2024. Com essa perspectiva de inflação crescente,  economistas analisam que deve aumentar nos próximos dias a volatilidade no mercado cambial. Essa instabilidade também promete crescer nas próximas semanas, à medida que cresce a expectativa de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central adote um aumento mais agressivo de 0,50% na taxa de juros em sua próxima reunião, no mês de novembro. Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados para a formação do indicador da inflação, dois tiveram maior influência nos resultados de setembro: Habitação (1,80%), após aumento nos preços da energia elétrica residencial, que passou de -2,77% em agosto para 5,36% em setembro, e Alimentação e bebidas (0,50%). Os demais grupos ficaram entre o -0,31% de Despesas pessoais e o 0,46% de Saúde e Cuidados Pessoais. Segundo o IBGE, o grupo de Alimentação e bebidas teve aumento de preços principalmente na alimentação no domicílio (0,56%), após dois meses seguidos de recuos. Esse resultado foi influenciado, em grande parte, pelo aumento nos preços da carne bovina e de algumas frutas, como laranja, limão e mamão. De acordo com o gerente da pesquisa do IPCA no IBGE, André Almeida, a forte estiagem e o clima seco foram fatores que contribuíram para a diminuição da oferta de carnes ao consumidor.  “É importante lembrar que tivemos quedas observadas ao longo de quase todo o primeiro semestre de 2024, com alto número de abates. Agora, o período de entressafras está sendo intensificado pela questão climática”, analisou o gerente do IBGE. Ainda no setor de Alimentação e bebidas, foram observados aumentos nos preços do mamão (10,34%), da laranjapera (10,02%), do café moído (4,02%) e do contrafilé (3,79%). No lado das quedas, destacam-se a cebola (-16,95%), o tomate (-6,58%) e a batata inglesa (-6,56%). Em relação aos aumentos de preços de energia elétrica e sua contribuição para o maior aumento dos índices inflacionários em setembro, André Almeida destacou a influência da bandeira tarifária da energia elétrica residencial.  A mudança de bandeira tarifária de verde em agosto, onde não havia cobrança adicional nas contas de luz, para vermelha patamar um, por causa do nível dos reservatórios, foi o principal motivo para essa alta. A bandeira vermelha patamar um acrescenta R$4,46 aproximadamente a cada 100kwh consumidos”, explica Almeida. O resultado do IPCA de setembro registrou a terceira maior alta da inflação neste ano de 2024. Acima dos 0,44% do mês passado estão apenas os 0,83% de fevereiro e os 0,46% de maio.  Já sobre os índices regionais, todas as capitais pesquisadas pelo IBGE para a composição do IPCA apresentaram variação positiva em setembro. A maior variação ocorreu em Goiânia (1,08%), influenciada pela alta da gasolina (6,24%) e da energia elétrica residencial (4,68%).  A cidade de Salvador teva a quinta menor taxa de inflação para o mês de setembro. Depois de registrar 0,03% em agosto, a capital baiana viu o IPCA acelerar para 0,28% no mês passado, número só maior que as cidades de Brasília (0,26%), Belém (0,18%), Recife (0,17%) e Aracaju (0,07%).  Neste ano de 2024, a inflação oficial na cidade de Salvador está em 2,96%, abaixo da média nacional de 3,31%. Já no resultado dos últimos 12 meses, a capital baiana 3,95%, também abaixo da mediana para todo o país, que ficou em 4,42%. 

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