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INCA e Fiocruz iniciam parceria para beneficiar pacientes oncológicos do SUS

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

INCA e Fundação Oswaldo Cruz iniciaram parceria por meio da qual o Instituto irá realizar os ensaios clínicos para cânceres hematológicos no âmbito da Estratégia Fiocruz para Terapias Avançadas, lançada nesta terça-feira, 26. O objetivo da iniciativa é beneficiar pacientes com doenças oncológicas, infecciosas e genéticas atendidos pelo Sistema Único de Saúde. A Estratégia é resultado de acordo de colaboração do Ministério da Saúde (MS) e da Fiocruz com a organização norte-americana sem fins lucrativos Caring Cross, que prevê a transferência de tecnologia à Fundação para a produção de células CAR-T e vetores lentivirais. As terapias com células CAR-T representam um tratamento revolucionário, pois utilizam as próprias células imunológicas do corpo para atingir e destruir as células infectadas. O INCA vai dar início à condução dos ensaios clínicos para cânceres hematológicos a partir de um memorando de entendimento para cooperação na área de oncologia, assinado ano passado. O processo contará com dois contêineres customizados, que funcionarão como estações de trabalho adequadas à produção de terapias genéticas e instalados próximos aos locais de tratamento. Um dos containers ficará na Fiocruz e o outro no INCA, ambos no Rio de Janeiro. O acordo estabelece que o INCA cuidará de seus pacientes e acolherá, também, aqueles indicados por outras instituições. Nas fases avançadas da pesquisa, há ainda a possibilidade de preparar as células no Instituto e tratar os pacientes em outras unidades de saúde. “Estamos orgulhosos de liderar avanços no tratamento do câncer com a tecnologia CAR-T. Esse pioneirismo do INCA reflete nosso compromisso em oferecer opções inovadoras e promissoras para nossos pacientes, visando resultados mais eficazes e uma esperança renovada no controle da doença”, reforçou o diretor-geral do Instituto, Roberto Gil. O potencial transformador dos tratamentos com células CAR-T é muito prejudicado por seus altos custos, frequentemente superiores a US$ 350 mil (cerca de R$ 2 milhões) a dose. O preço exorbitante torna essas terapias que salvam vidas inacessíveis a muitos pacientes de regiões de baixa e média rendas, limitando o acesso ao tratamento inovador. Com a produção local, o tratamento poderia estar disponível gratuitamente para a população e o custo para o SUS se reduziria a 10% do valor atualmente praticado na Europa e EUA, passando para US$ 35 mil (R$ 173 mil). Presente na cerimônia que firmou a parceria, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, destacou que a orientação do MS é para a incorporação da tecnologia ao SUS, com multiplicação em dez vezes no acesso a essa terapia inovadora, e redução em dez vezes no custo dos tratamentos hoje disponíveis. Ela vê a parceria “como uma ação de convergência com outras instituições de ciência e tecnologia no nosso País; e [convergência] com a política industrial, que é uma defesa que também fazemos na afirmação da ciência e tecnologia: sem política industrial, sem garantir escala de produção, nós não chegaremos lá”.

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