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Falsos equipamentos e atuação de médicos nas redes sociais expõem dilema ético na Saúde

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Com a promessa de monitorar a glicose sem precisar furar o dedo, um aparelho pequeno e moderno da Siemens vem fazendo sucesso na internet, mais especificamente em uma página com identidade visual do Mercado Livre. Há até cenas do apresentador Ratinho e do médico Drauzio Varela indicando o produto. O que nem todo mundo sabe, pelo menos até comprar, é que o produto não existe e os vídeos foram feitos por Inteligência Artificial. Não passa de um golpe ardiloso, que expõe como nem mesmo a área da saúde é blindada dos criminosos e da carência de ética. Na página do Reclame. Aqui, uma série de compradores deixaram sua indignação após perceberem o golpe. A própria Siemens se pronunciou afirmando que o produto chamado de GlicoMax não faz parte de seu portfólio e estão usando a marca sem autorização. Esse caso se une a tantos outros, como o dos atores que se passavam por médicos em peças publicitárias para vender medicamentos sem registro da Anvisa, e prova que o que anda falando mais alto na saúde é o mercado. E, como se o caos já fosse pequeno, se juntam nessa briga contra a ética os próprios médicos. Em 2023, o Conselho Federal de Medicina ampliou as possibilidades de divulgação do trabalho médico nas redes sociais. Foram três anos até a definição da lei que permite, entre outras coisas, que médicos divulguem nas redes sociais seu trabalho ou os equipamentos. O cenário que já não era bom, ficou pior ainda, um verdadeiro show de bizarrices. Tem médico se promovendo como medalhista de ouro na categoria “deixar a periquita mais bonita”; outro oferecendo injeções hormonais como um presente para o Dia dos Pais; há ainda aqueles que, com sede de viralizar, gravam vídeos sugerindo antidepressivos que “não precisam de receita”. E até os que ensinam a ganhar dinheiro aplicando testosterona. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia, Otávio Marambaia, a nova resolução apenas se adaptou à realidade das mídias sociais. No entanto, o médico admite que a proliferação de anúncios insensatos infestam as redes: “Essas têm sido causas frequentes de denúncias ao Conselho: fórmulas mágicas, tratamentos que não têm nenhum efeito colateral, cirurgias que são sempre perfeitas”.

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