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Bahia: Padre da Igreja Nossa Senhora dos Mares é acusado de intolerância por babalorixá

Foto: Reprodução/Redes sociais

Um dia após o Dia Nacional das Tradições das Raízes de Matrizes Africanas e Nações do Candomblé, comemorado no dia 21 de março, o babalorixá Adriano Santos acusou o padre Manoel da Paixão Gomes do Prado, da Igreja dos Mares, em Salvador, de intolerância religiosa. Em entrevista ao Jornal da Cidade, da Rádio Metropole, Adriano relatou a situação que transcorreu ao ir até o local com dois iaôs, filhos de santo em iniciação no Candomblé, para receber a bênção do padre, o que alguns terreiros costumam fazer em razão do sincretismo religioso. Vestidos com roupas da religião de matriz africana, o babalorixá e os iaôs teriam sido expulsos. “O padre parou a missa e mandou a gente sair, disse que eu estava desrespeitando a religião dele”, relatou. Ao questionar o motivo da reação, o religioso teria respondido que “não tinha como haver dois cultos”. “Respondi que não havia dois cultos, que os meninos estavam ali só para ver a missa. Como ali é uma casa de Deus, eu acho que ele não deveria colocar ninguém para fora”, argumentou Adriano. Após sair da igreja, o grupo denunciou o caso à Polícia Civil e ao Ministério Público da Bahia (MP-BA). A situação é investigada pela Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid). Em nota, a Arquidiocese de Salvador afirmou que “está acompanhando atentamente, em vista da justa apuração do ocorrido”. O babalorixá explicou que casas do Candomblé tem a cultura de apresentar os filhos, iaôs, a Deus após os sete dias de resguardo. “Quando iniciamos para um orixá nascemos para o mundo religioso. Apresentamos o iaô na igreja católica, fazemos uma romaria, levamos a três casas de axé e a casa do padrinho que toma o oricó do iaô”, disse Adriano. Ao chegar a igreja, os filhos do líder religioso abaixaram na porta da igreja e fizeram a reverência – sinal da cruz – e a partir desse momento iniciou o conflito. O padre Manoel usou as redes sociais para publicar um pronunciamento, relatando que ao perceber que “irmãos de outra religião de matriz africana” se aproximavam da igreja para uma manifestação religiosa, pediu respeito. “Em nenhum momento desrespeitei, não fiz nenhum juízo, valor depreciativo, mas dei prosseguimento com a santa missa. Não pedi a nenhum paroquiano que fosse expulsa-los, não pedi que ninguém fosse coagi-los, não pedi que ninguém chamasse a polícia para expulsá-los da igreja, pelo contrário eles permaneceram da hora que chegaram até o final da santa missa”, complementou.

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